domingo, 6 de fevereiro de 2022

Dalai Lama

 " Secularismo, longe de implicar antagonismo em relação à religião ou às pessoas de fé, implica verdadeiramente em um profundo respeito e tolerância em relação a todas as religiões. Implica em mútua tolerância e respeito por  todas as crenças e também pelos que não acreditam." Dalai Lama

Simplesmente perfeito !!!


domingo, 14 de fevereiro de 2016




A Paixão de um Colecionador


Livro de bolso do IV Centenário iniciou acervo de documentos sobre o Rio.


    Carlos dos Santos, de 77 anos, começou a se tornar um colecionador, há quase 50.
Apaixonado pela cidade, especialmente pela Tijuca, onde nasceu e mora, Santos leu um anúncio informando que, no dia 1 de março de 1965, haveria a distribuição de livros de bolso em homenagem ao IV Centenário do Rio. Os exemplares  "Aspectos da história do Rio de Janeiro", foram jogados de avião, junto aos Arcos da Lapa, e encantaram Santos, que tomou ali, gosto por colecionar documentos sobre a fundação do Rio, que fará 450 em 2015.
- Eu vi o anúncio e fui. Os folhetos caíram como uma chuva de livros. Cada um foi jogado como um miniparaquedas, para descer de forma lenta e chamar a atenção da população- lembre ele que conseguiu três exemplares.
Quem entra em sua biblioteca, com 25 metros quadrados, se surpreende com tantos artigos e objetos antigos, como uma revista "O Cruzeiro", edição especial do IV Centenário.
Santos tem ainda a edição especial da revista "Manchete". além de matérias do Globo e outros jornais.
-Não sou historiador. Sou pesquisador e memorialista. Minha intenção é conservar a história do Rio e, principalmente da Tijuca. berço da nobreza.
Ele diz que com as comemorações, espera que o carioca passe a olhar a cidade com mais carinho. E garante que guardará todas as lembranças que conseguir dos 450 anos.

Rodrigo Bertolucci, Jornal O Globo, 2014





Prédio do Século XIX é Restaurado

     A cidade ganhou um presente antecipado pelos seus 450 anos de fundação, comemorados em 1 de março de 2015.
Meses antes de soprar as velinhas, o Rio recebeu ontem, o prédio  287 da Rua do Riachuelo , no Centro, erguido no século XIX, que foi sede da Inspeção Geral de Obras Públicas da Capital Federal, em 1901,e hoje pertence à Cedae.
Com o retrofit, o imóvel-de três andares , pé direito de 4,5 metros e amplas paredes de 70 centímetros de largura-já começou a ser utilizado. Ontem mesmo, foi palco do lançamento do livro " Memória da Água", do francês Benoit Fournier.
     O lugar está disponível para eventos-inclusive os da programação dos 450 anos do Rio. Mas o espaço, de três mil metros quadrados, foi recuperado com o objetivo principal de se tornar um centro cultural interativo : a Casa das Águas.
Lá o visitante poderá ver exposições e "mergulhar" em atividades educativas, de pesquisa e lúdicas sobre a água. E, num anexo , em obras, funcionarão uma sala de cinema e um auditório.
     -Esse prédio é um patrimônio histórico e corria o risco de pegar fogo. A fiação estava aparente. O telhado também podia desabar- recorda Wagner Victer, presidente da Cedae.
     Os 8 milhões gastos na restauração foram captados através da Lei Rouanet, de incentivos fiscais, do Ministério da Cultura. Como o imóvel é preservado, a reforma precisou ser cercada de cuidados, e levou dois anos.
     São necessários mais 7 milhões para implantar o centro cultural. A intenção do Instituto de Sustentabilidade e Novos Talentos do Esporte e da Cultura (INTEC), responsável pela Casa das Águas, é que o espaço funcione em 2015.


Selma Schimidt, Jornal O Globo, 2014
Monstro ou Maravilha?

Filme e livro relembram a história do Palácio Monroe, demolido por causa das obras do metrô. Hoje ali há chafariz e estacionamento subterrâneo.

     O carioca morre de saudade do Palácio Monroe, Mesmo quem ainda não tinha chegado aqui em março de 1976, quando foi demolido, nutre certa nostalgia do imponente edifício, construído em 1904 para uma exposição nos EUA- três anos depois viria todo ele para cá, transportado de navio , peça por peça.
A fixação das pessoas por esta espécie de castelo-localizado no Centro mas à beira mar-costuma gerar mostras de fotos e debates sobre se deveria ou não ter havido o desmanche.
E agora novas e velhas histórias sobre o prédio aparecem em dois lançamentos: um documentário especificamente sobre o tema e um livro que fala da década de 20 e, por isso mesmo, sobre a importância do Monroe naquele momento. O filme selecionado para ser exibido no Festival do Rio, no mês que vem, chama-se Crônica da Demolição e é dirigido por Eduardo Ades.
Por sua vez, Babélica Urbe, editado pela Rio Books. é assinado pela arquiteta Jane Santucci, da Escola de Bela Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e teve destaque na recém encerrada Bienal do Livro. Nos capítulos que falam da região central da cidade e da Lapa, há comentários tanto positivos como negativos sobre a relevância do palácio.
Chamado de "monstrengo" e "aberração" por uns, de "maravilha de arquitetura" por outros, já foi sede da Câmara dos Deputados e também do Senado Federal.
No fim, o prédio, que estava para ser tombado pelo patrimônio público ( já havia até documentos para isso ), acabou tombado, ao pé da letra, por retroescavadeiras da prefeitura.
Curiosidades:
Estátuas de leões que adornavam o Monroe estão em Minas e Pernambuco.
Sobre o palácio: levou o primeiro prêmio da arquitetura brasileira; Refeito no Rio, foi por um tempo Pavilhão Saint Louis; Seus leões estão em Recife e nume fazenda em Minas.
Sobre o filme: a pesquisa de imagens passou por trinta acervos; Há uma cena rara da hora da demolição , em cores; Será exibido no Odeon, ao lado de onde ficava o Monroe.
Sobre o livro: fala também do Theatro Municipal e favelas; tem quase 300 páginas; Na contra capa, Ruy Castro diz que o Rio "era moderno antes até do modernismo"

Lula Branco Martins, Veja Rio, 2015, 23 de setembro
As Marcas da Imigração

Cineasta portuguesa produz no Rio um documento que conta histórias sobre o Real Gabinete, a Travessa do Comércio, restaurantes , padarias, e empresas com fundadores lusos.
        Era uma vez uma cineasta portuguesa que em 2010, deixou sua terra natal para dividir-se, como jornalista correspondente em nosso país, entre São Paulo e Rio. Ou lá, ou cá, sempre passou por sua cabeça a vontade de fazer um documentário sobre a migração de seus patrícios para o Brasil, com foco nos meados do século XX e nos dias atuais. Como um tio avô havia desembarcado no Rio, provavelmente na década de 50, ela escolheu a cidade para ser o pano de fundo de seu filme. Mas o inusitado desse enredo não para por aí. A história da produção conduzida por Vanessa Rodrigues- nascida na cidade do Porto-ganha contornos ainda mais curiosos quando se sabe que ela já está gravando o longa (desde o início deste mês) mas até agora não identificou o paradeiro de seu parente, apenas ouvindo falar por terceiros, que ele se encontra adoentado.
Com ou sem o tio, a diretora começou a rodar Batismo de Terra, e pensa em entrevistar pelo menos mais cinco personagens para ajudar a compor o Rio de então e contar a difícil chegado dos portugueses a uma nação estrangeira. Ela vai se valer de imagens de lugares como a Travessa do Comércio ( o roteiro frisará que a cantora Carmen Miranda morou ali), e o Real Gabinete Português de Leitura, os dois no Centro, além do Palácio São Clemente em Botafogo, onde funciona o consulado de Portugal, com pedras na calçada formando o brasão da bandeira lusa. Pequenos estabelecimentos, como padarias e restaurantes, e mesmo empresas de ônibus também aparecerão na tela.
" Quando cheguei pela primeira vez no Rio, tive a plena sensação de estar em casa. ", diz Vanessa.
A obra fica pronta em 2016, com 80 minutos de duração.

Lua Branco Martins, Veja Rio, 2015, 30 de setembro

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016


Dois lados da mesma festa

O bicentenário de Martins Pena é lembrado em exposição, seminário e peça. Mas a escola que leva seu nome, em crise, fará um modesto sarau.

     O diplomata, dramaturgo e crítico teatral Luís Carlos Martins Pena ( 1815-1848) viveu pouco-apenas 33 anos-mas revolucionou o teatro ao introduzir a comédia de costumes no Brasil. Considerado o Molière (1622-1673 ) brasileiro, o autor carioca retratava a sociedade e suas instituições da época abordando temas como a carestia, a corrupção das autoridades públicas e a exploração religiosa. Assuntos ainda atuais (basta acompanhar o noticiário), mesmo depois de 200 anos do nascimento de Pena, completados no dia 5 de novembro ( 2015).
     Para comemorar a data , o Sesc promove o evento Martins Pena: 200 anos de Histórias, com exposição, teatro e seminários. Já , a instituição que leva seu nome, Faetc Escola técnica Estadual de Teatro Martins Pena, luta para superar a crise que atravessa e homenagear o autor, que também é patrono da Academia Brasileira de Letras. " vamos fazer um sarau ainda em novembro", promete o diretor Marcelo Reis, que assumiu o cargo em agosto , em meio ao caos que ia da falta de professores à má conservação do casarão onde a escola funciona desde 1950. Segundo Reis, os problemas estão sendo sanados. Professores de outras instituições foram chamados para que o ano letivo pudesse ser concluído e haverá concurso público. também estão nos planos a construção de dois andares no anexo ( inaugurado em 2007), a restauração do casarão, o aumento no número de alunos, de 250 para 450, e a abertura de cursos, entre outras medidas. Tomara que na próxima efeméride envolvendo o escritor a casa que leva seu nome consiga comemorar com toda a pompa.

Heloíza Gomes, Veja Rio, novembro de 2015


Glamour à francesa

Ao completar 110 anos, a Avenida Rio Branco é um dos destaques entre as imagens que compõem a mostra na Casa de Rui Barbosa.
   
        O dia 15 de novembro de 1905 foi marcante para o Rio. Depois de três anos de demolições e obras, conhecidas popularmente como bota-abaixo, os cariocas finalmente puderam ser apresentados à parte mais vistosa do projeto : a Avenida Central ( atual Avenida Rio Branco ).
A via, inspirada nos boulevares parisienses, se tornou o principal marco de uma ampla revitalização de todo o Centro, empreendida pelo prefeito Francisco Pereira Passos ( 1836-1913)
inaugurada como um eixo de ligação entre a Praça Mauá ( na época ainda em construção ), e a Glória, ela foi desenhada pelo engenheiro Paulo de Frontin ( 1860-1933) e aberta ao público com 30 prédios prontos e 80 em fase de edificação, ladeando seus 1800 metros de extensão e 33 metros de largura. A avenida era dividida por um jardim, com árvores de pau-brasil, e virou endereço preferencial de empresas, jornais, clubes e outras instituições de peso.
       Apesar do avanço incontestável, a reforma foi cercada por polêmica. Para a abertura da via, foram demolidas mais de 600 casas, o que desalojou centenas de pessoas. O mesmo aconteceu em vários pontos da cidade, para a criação de outras avenidas, como a Passos, Uruguaiana e Atlântica
       A partir da década de 40, a rio Branco foi perdendo seu ar europeu, com os prédios em estilo eclético sendo substituídos por arranha- céus. mas ainda restam algumas edificações do período, que agora assistirão a uma nova mudança, com a instalação da linha de VLT por toda a sua extensão. Para os interessados em conhecer mais a história da região, a Casa de rui Barbosa abriga, até 10 de janeiro de 2016, a mostra Visões do Rio Antigo, com documentos, fotografias e cartões -postais da virada do século XIX para o XX.

Heloíza Gomes, Veja Rio, 2015,18 de novembro.