Monstro ou Maravilha?
Filme e livro relembram a história do Palácio Monroe, demolido por causa das obras do metrô. Hoje ali há chafariz e estacionamento subterrâneo.
O carioca morre de saudade do Palácio Monroe, Mesmo quem ainda não tinha chegado aqui em março de 1976, quando foi demolido, nutre certa nostalgia do imponente edifício, construído em 1904 para uma exposição nos EUA- três anos depois viria todo ele para cá, transportado de navio , peça por peça.
A fixação das pessoas por esta espécie de castelo-localizado no Centro mas à beira mar-costuma gerar mostras de fotos e debates sobre se deveria ou não ter havido o desmanche.
E agora novas e velhas histórias sobre o prédio aparecem em dois lançamentos: um documentário especificamente sobre o tema e um livro que fala da década de 20 e, por isso mesmo, sobre a importância do Monroe naquele momento. O filme selecionado para ser exibido no Festival do Rio, no mês que vem, chama-se Crônica da Demolição e é dirigido por Eduardo Ades.
Por sua vez, Babélica Urbe, editado pela Rio Books. é assinado pela arquiteta Jane Santucci, da Escola de Bela Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e teve destaque na recém encerrada Bienal do Livro. Nos capítulos que falam da região central da cidade e da Lapa, há comentários tanto positivos como negativos sobre a relevância do palácio.
Chamado de "monstrengo" e "aberração" por uns, de "maravilha de arquitetura" por outros, já foi sede da Câmara dos Deputados e também do Senado Federal.
No fim, o prédio, que estava para ser tombado pelo patrimônio público ( já havia até documentos para isso ), acabou tombado, ao pé da letra, por retroescavadeiras da prefeitura.
Curiosidades:
Estátuas de leões que adornavam o Monroe estão em Minas e Pernambuco.
Sobre o palácio: levou o primeiro prêmio da arquitetura brasileira; Refeito no Rio, foi por um tempo Pavilhão Saint Louis; Seus leões estão em Recife e nume fazenda em Minas.
Sobre o filme: a pesquisa de imagens passou por trinta acervos; Há uma cena rara da hora da demolição , em cores; Será exibido no Odeon, ao lado de onde ficava o Monroe.
Sobre o livro: fala também do Theatro Municipal e favelas; tem quase 300 páginas; Na contra capa, Ruy Castro diz que o Rio "era moderno antes até do modernismo"
Lula Branco Martins, Veja Rio, 2015, 23 de setembro

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